sexta-feira, 7 de março de 2014

Noite das Facas Longas

A Noite das Facas Longas (em alemão  Nacht der langen Messer) ou Noite dos Longos Punhais foi um expurgo que aconteceu na Alemanha Nazista na noite do dia 30 de junho para 1 de julho de 1934, quando a direção do Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores (o Partido Nazista) decidiu executar dezenas de seus filiados, sendo a maioria pertencente à Sturmabteilung (SA), uma organização paramilitar do partido.
Adolf Hitler revoltou-se contra o líder da SA, Ernst Röhm, pois este ansiava em transformar seus liderados (que já contavam com três milhões de integrantes, chamados de camisas pardas) no embrião do futuro exército da Alemanha Nazista e via o uso da violência nas ruas como melhor modo de disciplina, algo totalmente contra o regime que Hitler queria impor na sociedade alemã. Além disso, os interesses de Röhm chocavam-se com os da Reichswehr, o exército alemão do período entre-guerras, cujos oficiais - em especial o marechal Paul von Hindenburg, presidente da nação na época - não toleravam a figura de Röhm, em razão de sua homossexualidade, fraqueza a vícios e o medo de que Röhm viesse a tentar derrubar o regime nazista, podendo assim criar uma revolta no povo alemão e consequentemente a queda de Hitler. Com isso, Hitler, chanceler da Alemanha nomeado por Hindenburg, decidiu não entrar em choque com o poder político dos militares e, ao invés disso, fazer um expurgo contra as autoridades máximas da SA e seus inimigos políticos.
Pelo menos oitenta e cinco pessoas morreram durante o evento e milhares foram presas. A maioria das mortes foi causada pela Schutzstaffel (SS), um grupo de elite especial, e pela Gestapo (Geheime Staatspolizei), a polícia secreta. Com o expurgo, foi consolidado o apoio do Reichswehr a Hitler.
Antes do seu acontecimento, o evento foi classificado com o codinome "colibri" (em alemão: Kolibri), escolhido aleatoriamente, que se tornou palavra-chave para iniciar a operação. A frase "Noite das facas longas" origina-se de um verso de uma canção da SA que tem como assunto principal massacres.  Devido ao peso da expressão, a Alemanha refere-se a este assunto com o nome de "Röhm-Putsch", nome empregado pela propaganda nazista na época.

Hitler e a Sturmabteilung

O presidente Paul von Hindenburg nomeou Hitler chanceler no dia 30 de Janeiro de 1933. Ao longo dos meses seguintes, durante o chamado Gleichschaltung, Hitler eliminou todos os partidos rivais na Alemanha, até o país tornar-se, no verão de 1933, um estado unipartidário, sob sua direção e controle. Mas mesmo com a consolidação de seu poder político, Hitler não tinha poder absoluto. Como chanceler, ele não podia comandar o exército, que permanecia sob a liderança formal de Hindenburg, um veterano altamente respeitado mas que ao longo dos anos tornava-se cada vez mais frágil e demente. Enquanto muitos líderes políticos estavam impressionados com o poder de liderança de Hitler e suas promessas, como o retorno da conscrição e uma política externa mais agressiva , o exército continuava independente e orientado a não se reunir ao regime nazista.
A Sturmabteilung (SA) era uma organização paramilitar Nazi que permaneceu autônoma dentro do próprio partido. Desenvolveu-se a partir dos Freikorps, um movimento criado após a Primeira Guerra Mundial, organização nacionalista que era composta por alemães desfavorecidos financeiramente, desiludidos e irritados com o governo de seu país, pois acreditavam que este havia traído e humilhado a Alemanha para assinar o Tratado de Versalhes. Os Freikorps conseguiram estabilizar-se na nova República de Weimar. Ernst Röhm era seu comandante principal e foi-lhe dado o apelido "Rei da Máquina de Guerra da Baviera". Mais tarde, Röhm tornou-se líder da Bavarian Freikorps. Durante a década de 1920, a SA funcionava como milícia de Hitler, e era usada para intimidar adversários políticos, especialmente os sociais-democratas e os comunistas. Também conhecidos como "camisas pardas", a SA ganhou destaque por suas violentas batalhas de rua contra os comunistas.  O violento confronto entre estes dois grupos, contribuiu para desestabilização da Alemanha no período entre-guerras na República de Weimar.  Em Junho de 1932, o número de batalhas nas ruas já tinha chegado a 400, resultando em 82 mortos.  Estes confrontos foram essenciais para a subida de Hitler ao poder, pois este prometia acabar totalmente com a violência urbana.
Mesmo a nomeação de Hitler como chanceler, seguido da supressão de todos os partidos políticos, exceto o dos nazistas, não tinha acabado com a violência da SA. Os camisas pardas percorriam as ruas alemãs para torturar bêbados que andavam sozinhos à noite  Denúncias de abuso de poder eram comuns até o verão de 1933.  Estes comportamentos perturbaram a classe média da Alemanha e elementos conservadores do exército.
Abismado com estes comportamentos, o passo seguinte de Hitler seria atacar a Sturmabteilung  No dia 6 de julho de 1933, em uma reunião de políticos nazistas, Hitler discursou e falou que no momento que o NSDAP tivesse seus objetivos alcançados, a sua maior preocupação era consolidar-se no poder.
O discurso de Hitler era uma direta referência à queda da SA, que para ele era o último objetivo que faltava para sua consolidação. Entretanto, esta não era uma missão fácil, pois a organização era constituída, em sua maioria, por adeptos do nazismo. A SA teve seu momento de crescimento durante a Grande Depressão, quando o povo alemão perdeu a confiança nas tradicionais instituições; enquanto o nazismo não era totalmente aceito pela classe trabalhadora, ela cumpria todos seus deveres e focava seus atos sempre nesta classe. Os líderes da SA acreditavam que a promessa socialista do regime nazista poderia quebrar totalmente o patrimônio dos aristocratas da época, sendo favorável aos trabalhadores.

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